
O pensamento sistêmico é uma dádiva do século XX para compreender o ser humano e as dinâmicas sociais, mas infelizmente muitos ainda lêem os trabalhos feitos a partir desta nova abordagem epistemológica por meio de uma ótica positivista ou dialética (essa segunda ainda mais trágica).
Talvez seja na educação que este tipo de problema seja mais evidente. Por exemplo, educadores lêem Piaget mas não entendem os princípios por trás do Piaget. Desconhecem a lógica estruturada e profunda do pensamento sistêmico e acabam, na maior parte das vezes, lendo o que ele escreveu por meio de lentes dialéticas.
Na administração não é muito diferente. Muitos dos trabalhos que temos hoje versando sobre a complexidade, são muito mal interpretados, acabam nos livros de Teoria Geral da Administração sob um manto positivista, travestido de organicismo.
É evidente que o pensamento sistêmico é de difícil assimilação para aqueles foram criados sob o manto fragmentador do positivismo e sua lógica linear de causa e efeito. Mas se queremos realmente caminhar em direção à compreensão do humano e do social, precisamos de pessoas capazes de romper com estes paradigmas ultrapassados e que sejam capazes de ler o mundo de maneira realmente sistêmica.
Já temos coisas boas sendo desenvolvidas neste sentido em uma série de universidades e centros de pesquisa ao redor do mundo, mas estas ainda são árvores isoladas… Nos faltam pessoas capazes de compreender o complexo, o dinâmico e o interligado… Nos falta, em essência, transformar esta árvore isolada em uma grande floresta de pessoas capazes de compreender o que já foi feito de positivo na compreensão da complexidade social e que sejam capazes de continuar desenvolvendo estudos pautados por esta sofisticada forma de se fazer ciência.