
O Brasil vive hoje um dos momentos mais críticos de sua história, um ponto onde a divergência sobre o modo de vida da população e os desejos individuais e coletivos são absurdamente grandes em pontos chave do processo de desenvolvimento do país.
A verdade nua e crua é que temos hoje dois países distintos. O Brasil do “mérito” e o Brasil dos “coitatinhos”. Não pretendo julgar as qualidades de cada uma das visões, mas esta diversidade que tanto valorizamos, produziu um ambiente onde um Brasil (que representa metade da população, concentrada em uma enorme área) simplesmente não consegue viver em uma condição como a desejada pelo outro Brasil (que representa a outra metade, vivendo predominantemente em outra área).

O Brasil do “mérito” simplesmente decidiu não quer mais pagar a conta se o Brasil dos “coitadinhos” não mudar completamente a forma de equacionar a dinâmica socioeconômica, dando a estes mais espaço. Se este Brasil desistir, o país como um todo vai viver dificuldades, como as que já está vivendo. Contudo o país dos “coitadinhos” não quer perder suas regalias, quer manter suas “conquistas” sobre o outro grupo, sem se importar com as pesadas perdas e o pesado fardo que é imposto ao outro Brasil.
Infelizmente, eu não vejo ainda como compatibilizar os interesses dos dois lados. Simplesmente, quem produz não consegue mais aceitar o roubo institucionalizado de sua produção e quem não produz não quer perder as facilidades de viver às custas de quem produz. Gostemos ou não, vivemos em um grande dilema, pois vivemos em um mar de incompatibilidades insolúveis entre dois grupos sociais que são nações por si só e a imposição de qualquer um dos pontos de vista sobre o outro, vai acabar criando sérios problemas para ambos.
Acredito que estamos chegando em um ponto (já previsto por grande parte do pensamento sistêmico) onde a questão da autodeterminação dos povos precisa ser considerada em nosso país. Uma condição onde ao menos a autonomia administrativa de estados e municípios, inclusive no âmbito legislativo, tributário e das políticas sociais, vá se tornar um imperativo para permitir o reencontro do Brasil como unidade.