
Enquanto a esquerda mais radical tenta encaixar Marina como segunda via do PSDB, a tucanada mais radical teme que ela seja o Plano B do PT para ficar no governo. Na minha opinião, nenhuma das duas visões poderia estar mais equivocada.
Marina é inclassificável. Nascida nos berços do ambientalismo e formada em uma das ciências humanas mais radicalmente à esquerda, ela conseguiu se abrir para uma perspectiva econômica mais liberal nos últimos anos. Uma quimera que carrega uma profunda adoração pela educação e pelo ambientalismo, mas vê nos mercados e em uma economia robusta, sustentável e flexível, os pilares para um desenvolvimento socialmente e ambientalmente responsável.
Uma pessoa de contrastes, cujos valores éticos também derivam da visão evangélica menos radical, atípica em relação aos valores católicos da direita e o ateísmo humanista da esquerda mais radical.
Ela se trata de uma fusão improvável, capaz de cativar adeptos dos dois lados do conflito político que vivemos no país, ao mesmo tempo em que também assusta a ambos… Pode-se dizer que nasceu algo inclassificável em terras tupiniquins. Marina é Marina. Não é 8 nem 80, mas algo que, para bem ou para mal, estabelece uma dialética improvável entre dois mundos.